domingo, dezembro 06, 2020

Pavio'

 





Parte do meu medo. 

Metade que te leva pra longe ou que me prende, 

Eu já não sei.

Digo coisas em dialeto esquecido;

Vejo o que não está lá.

Pode ser caminho, mas onde nos leva?

Parte meu medo.

Pouco do que tu me entrega ou me tira,

Eu nunca soube.

Ouço coisas em idioma desconhecido;

Sinto o que nunca esteve lá.

Pode ser travessia, mas sobre o que passa?

Parte do meu medo.

Minha cabeça tranca todas as portas,

Meu corpo perde todas as chaves. 

O que sai por entre as frestas deveria mostrar, 

Nem sempre irá funcionar. 

Olha por minhas janelas se tu ainda puder respirar...

E tenta encontrar de onde parte o maior fulgor,

Para o incêndio que eu venho tentando apagar. 

Chama.



[Suelen de Miranda]


*https://www.youtube.com/watch?v=4c4JvNIdH2Y

Tem dias em que me parece impossível dizer que existo. Ou que ainda me sobra algo do que eu fui... do que eu sou. 

Pedidos são atendidos. Cuida. 

Isso é um aviso pra ti... pra ela... pra ele... e pra mim. 

Estou tentando do jeito que o mundo acha que deve ser... de novo. Como não se sentir estorvo na agenda de sua terapeuta? 

Já mandei. Me desculpa desde já. 

sábado, novembro 28, 2020

Nodo'

 



Quem de nós?

Um é menos que um quando não são dois,

Há quem diga que nada disso faz sentido quando se sente. 

E eu te pergunto, pois minha própria resposta não responde. 

Quem atou?

Pouco é o que sobra quando muito se é,

Há quem ache que isso é impossível quando se tenta. 

E eu me justifico, pois minha própria verdade não compensa.

Quem sabe desfazer?

Tudo que se encontra se colide ou se repele,

Há quem pense que o que se mescla não se divide.

E eu me pergunto, pois minha soma não supre. 

Quem de nós? 

Minha resposta pra sempre em minhas mãos espalmadas.

Tua defesa pra sempre em teus braços envoltos. 

Não sei em que ponta tu estás,

Nem o comprimento, ou quantas vezes posso errar…

As voltas que dei em meu próprio pescoço, nem mesmo eu posso desatar.

Aperto

em 

peito 

aberto.



[Suelen de Miranda]


*https://www.youtube.com/watch?v=GoHjc4cx_GQ

Não me importa o que eu me quero. É por ela e pela minha mãe. Exemplo. É por quem me paga e por quem me espera. É por quem me escuta e por quem eu quero escutar. 

É tudo errado, e quando acho, perco. Em tempos de tempo, ou se corre no lugar ou se agarra e se força a parar. Pode ignorar todas as outras vezes antes daqui que eu disse que não aguentava. Pelo jeito é só sobre isso que eu sei mentir. 

É aqui. Suelen, cala essa maldita boca. 





sábado, agosto 22, 2020

Arbítrio'

 


Não use.
Mantenha por perto caso queira manter sua inocência.
Ninguém acusa o que não pode carregar no bolso;
É tua vantagem.
Não vá.
Guarde ao alcance caso queira preservar seu perdão.
Ninguém leva o que crê não ter trazido;
É teu castigo.
Não volte.
Tenha o suficiente caso queira coletar sua penitência.
Ninguém desiste do que supõe que entende;
É teu fardo.
Não fique.
O crime que tu respiras é pago por quem te visita.
Lembra que caixão também é confortável visto de dentro,
E a vida que tu matas é única coisa que tu tens.
Não.




[Suelen de Miranda]


Me puna. Eu preciso pagar. Me esquece, me joga fora. Me esquece naquele terreno baldio como o papel higiênico amassado que ficava no porta luvas. Me diz as coisas que ela me escreveu e que tinha razão.
Me puna. Me deixa pra trás como ele, que entre o meu frio, preferiu beijar o asfalto. 
we try then we try then we try and we end up alone, i miss myself.~
Me puna. Vá em frente. Vá na frente. Eu nunca soube guiar. Eu já.


domingo, junho 28, 2020

Diminutivo'

Tua sujeira ninguém viu.
Que tivesse me jogado pra fora do carro,
Ou quem sabe me marcado a carne.
Há quem diga que eu escondi,
Há quem ache que eu não senti.
Eu digo que as piores mortes são as que ninguém vê adoecer.
Teu fedor ninguém sentiu.
Que tivesse me sujado as roupas,
Ou quem sabe me infectado as veias. 
Há quem diga que eu sobrevivi, 
Há quem ache que eu consenti.
Eu acho que as piores doenças são as que ninguém vê apodrecer. 
Tua sujeira ninguém viu, 
Me manchou e ensinou o que eu deveria ser.
Tudo o que tu querias, te parabenizo por conseguir;
Usar meu corpo de lixeira sem destruir.
Não te preocupas com quem vier coletar,
Ninguém vai te ver…
Pois tu me ensinou a esconder.


[Suelen de Miranda]

*https://www.youtube.com/watch?v=OTbWUc9e05k
Tem dia que ele ainda tem a chave do portão, entra e senta pra tomar café. Não é dele que eu estou falando. 
É dele.
Tem sujeira que não sai. Aceita que eu sou doença ruim de se livrar. O dia em que ele teve a cara de pau de visitar como quem esquece o que fez ou não se arrepende. Aquele dia só agora eu entendi. Na verdade eu nunca deixei de entrar no carro, nem de me despir. Nunca deixei de me esconder no banheiro, nem de digerir. 
Se tu for agora me procurar, ainda vou estar ao lado da privada esperando a mãe chegar.

segunda-feira, junho 22, 2020

Manifesto'



Tudo que é real é breve.
Das flores ao teu sorriso,
Mesmo as coisas que ninguém ousa clamar.
A chuva se torna ferrugem e ninguém crê.
Tudo que leva tempo, pediu permissão para ser. 
E tu, és o que?
Tudo que é real é urgente. 
Do ar à minha boca,
Como as coisas que ninguém admite querer. 
O sol apaga as cores e ninguém vê acontecer.
Tudo que se demora, cuida pra poder permanecer.
E eu, sou o que?
Tudo que é, aqui já deixou de ser.
Da dor à tua certeza…
Do amor aos meus rodeios. 
Há quem deixe de piscar os olhos pra não desaperceber,
E acaba por esquecer que o sentir é como o céu;
Faz dia virar noite pra quem precisar ver.
E mesmo que não se levante o olhar, existe e insiste em querer ficar.


[Suelen de Miranda]

*https://www.youtube.com/watch?v=CMyRfIpNvPs
Cometi o erro de olhar os posts antigos. Por algum motivo, não me acalenta lembrar da dor que eu sentia na época e que hoje ainda persiste mas que não chega nem perto. Acalenta menos ainda, ver a minha força na época. Antes de me tornar isso aqui. 
No meio disso tudo, tu és coisa boa... Exatamente por isso, me perdoa?.
É cansaço que o sono não quebra. Talvez seja por isso que nunca se acaba. Hoje estava alto de novo. Cansa e dói. 
Cala essa maldita boca.


terça-feira, junho 09, 2020

Contrito'



Tenho pouco tempo.
Culpa aquele homem que me roubou,
Agradeça à todas, menos uma;
E sempre que chover, lembra de chorar.
A culpa que ninguém carrega, eu fiz questão de juntar.
Não precisa mais me odiar;
Pois eu já.
Tenho pouco tempo.
Entrega pra ela a chave da porta,
Conta pra todos, menos um;
E sempre que o céu abrir, lembra de olhar.
A dor que ninguém sente, eu fiz questão de tomar.
Não precisa mais me culpar;
Pois eu já.
Tenho pouco tempo.
Tu precisas me ouvir mas eu não posso falar;
Onde eu tenho de chegar, rua nenhuma pode levar.
Me perdi ao pegar o atalho abrindo aquela janela, 
E não parei de andar após deixar minha carne naquele lugar.
O tempo todo que eu tinha ele gozou em terra fria…
E o que restou, joguei junto da flor e areia naquele dia. 

[Suelen de Miranda]



*https://www.youtube.com/watch?v=S_b1X6f5GZI
Eu não sei onde queria chegar com isso. Talvez no mesmo lugar de sempre. Aquele onde eu aviso que não sei por quanto tempo eu aguento, e peço desculpas até pelo ar que eu continuo a respirar.
É estranho ir contra si nessa natureza de perdurar.
Hoje fez mais 2 ou menos 2, depende de quem escuta. Depende de quem sabe. 
Eu trato da dor, do ódio e da culpa... Te peço perdão por hoje não te lembrar com sorriso. 

terça-feira, maio 19, 2020

Tu'

É problema ou solução?
E eu espalhei minhas mãos na tua frente;
O que tu tinhas que ler, eu sempre soube. 
Uma bola de cristal nunca foi necessária pra prever.
A maldição que eu sou é a única coisa que não posso quebrar.
Eu te pergunto pois é teu. 
É certo ou errado?
E eu fechei teus olhos contra tua vontade;
O que eu tinha que mostrar, tu sempre soube.
Uma pilha de cartas nunca foi precisa pra profetizar.
A magia que eu trago é a única coisa que eu não posso levar.
Eu te peço porque é meu.
É ou não?
Fazer de ti fórmula e condição... 
Dizer que sei tudo o que faço e fazer de ti, tudo.
É problema e erro, apenas por ser negação.
Me perdoa por te deixar me matar quando pensa em ir,
Me perdoa por precisar de ti pra ainda estar aqui. 
É. 


[Suelen de Miranda]

*https://www.youtube.com/watch?v=8nneoodCKXo
tell me how you let me go so easy. 
Talvez se tu procurar o suficiente encontre meu amor esquecido. Empoeirado e deixado junto comigo naquela manhã. 
Lembra por ti e não por mim... Porque tu eu não esqueço. O susto que eu levo todo dia é de realizar que a promessa que eu fiz, não consigo cumprir. E não é por entregar, é por não ter uma chave extra. Se tu deixa na gaveta ou leva no bolso... Eu fico do lado de fora na chuva. 
2


quarta-feira, maio 13, 2020

...Ria'

Estar perto é isto.
Uma frase que não é minha nos define,
E teus olhos procuram por mim no céu sabendo o caminho.
Quando chove aqui, tua testa troveja;
Eu vejo os raios. 
Estar perto é isto.
Um canto que não foi feito nos abriga,
E meu respiro procura por ti nas páginas mostrando o sentido.
Quando estia aqui, tua boca lampeja;
Eu sinto o sol.
Estar perto é feito disto;
A espera do abrir o guarda chuva, 
As nuvens se abrindo sem desaparecer.
Estar perto é isto, consegues ver?
O querer é o bastar, 
E basta querer estar. 
Calma...

[Suelen de Miranda]

*https://www.youtube.com/watch?v=QOu0Ht0-D4M
O fogo que eu engoli ao falar sobre ele ainda me queima, e a febre nunca vai embora. Eu vou estar pra sempre doente. 
Da morte que eu quis e da que eu não morri.
Quando eu também acho que não vou sobreviver a isso, tu me mostra como sentir.
As coisas estão difíceis. Pouco de mim pra tudo. Gotejo.
~canal pequeno por onde passa o rio até chegar no mar.

sábado, maio 09, 2020

Colheita'








O que dizem é contrário, 
Já se está morto quando se chega;
A queda é o atalho da morte. 
E fechar os olhos é ignorar a própria sorte. 
Eu caio desde o dia que esqueci de crescer.
O que dizem é errado, 
Já se morre durante o caminho;
A queda é a rubrica do óbito. 
E proteger o rosto é obedecer a si próprio.
Eu caio desde a noite em que abri a porta.
O que dizem é contrário,
O que murcha os pulmões é o excesso, 
E o que quebra os ossos é o sustento.
O dia em que eu atingir o fundo tu nunca irás saber.
Olha da beirada e cuida pra não escorregar;
Quem estará lá será o que restou de mim,
Não há pelo que lamentar. 
Nada.


[Suelen de Miranda]



*Nunca deixou de ser sobre mim.
Não desse jeito que tu pensas. E eu queria que fosse. Queria que tudo se acabasse, e só restasse o cheiro e as cores e as tuas formas.
https://www.youtube.com/watch?v=rM_7j63nyys
See I've never never had so much to gain or had so much to lose.
Não é sobre ninguém além de mim. Mas nunca mais foi sobre mim. Eu esqueço de tudo agora, será por isso que me esqueço também?