domingo, julho 31, 2011

Agonia'


E as tempestades que deixo chover não me afogam. 
Tudo parece morrer, em mim, enquanto tudo aflora;
Desde os sóis às luas, desde os sorrisos ao conforto.
E os dias que deixo anoitecer não me levam.
São os tilintar dos talheres, são as vozes que comemoram o invisível,
Olhos que brilham o sol que minha vontade ignora, mãos que seguram os pingos da chuva que desgracei.
E as tempestades que deixo chover não me molham. 
É tudo tão suficiente quanto a chuva.
Quando os trovões insistem, eles morrem em mim. 
A ventania insiste, ela morre em mim.
Os raios de sol insistem, eles morrem em mim.
Cada pingo da chuva, morre em mim.
Mesmo que não.
Pois todas as tempestades que deixo chover não me afogam;
Porém mantém o nível dos oceanos perto de minhas narinas.
É tudo tão suficiente quanto a chuva.

(Suelen de Miranda)

domingo, julho 24, 2011

Realismo'



Já muito se pensou pra falar de amor, e tu?.
Já foi dito o coração, os beijos, os olhares e tudo o mais, menos os seres.
Em cada amor, são dois corações, veias, sangue que pulsa, muito sangue, carne, músculos e mais sangue.
Para cada beijo, preciso duas bocas, postas de carne pesadas em limites, músculos, saliva e água, e pulso.
Por cada olhar de um ao outro, não importa, terão sempre de quatro olhos, dois de cada, retinas, íris, veias e mais sangue por dentro de onde não se vê.
Os amantes que todos cantam, sempre de dois corpos. Carne, vísceras, sangue, pelos, entranhas, sujeira.
Podridão de condições por debaixo do perfume doce de cada um.
Já muito se pensou antes de falar de amor, não é?!.
 Sejamos realistas, e amemos com o que há de amar.


(Suelen de Miranda)
*E eu coloco meu nome embaixo de cada texto meu... e acabo pensando: " grandes merda, tá ligado?!". 
Pois, quem sou eu?. Não sou ninguém. Nem uma frase minha é reconhecida como boa, perto de "e os amigos deles, possuem amigos também" do Mario. Não que eu queria isso. Mas é que nunca isso acontecerá. Pra ser um escritor bom, tem de ter/ser 3 coisas: velho, morto ou Ismael Caneppele da vida. 



domingo, julho 17, 2011

Casa'




Vim de longe, caçando os ventos do norte. Do longe, onde as pessoas ainda fingem.
São tantas as questões. Que será que os cães farejam, arrastando seus frágeis futuros no asfalto?. Que será?... Será que podem sentir o cheiro da chuva que ainda não?, Ou do destino que terão até. São tantas luzes, repousando sobre a cidade que ainda dorme e apenas espera que eu os traga algo melhor. Que será que as crianças estão sonhando, enquanto reviram os lençóis que cheiram a suas mães?. Que será?... Será que podem sentir o medo que antecipo por eles, ou temem que eu nada sinta?.
Vim de onde o ontem será o depois de amanhã, vim com toda saudade que pude trazer; trouxe lugares que nunca estive.
E mesmo que me esperassem, nunca souberam em verdade de onde eu vim; se é que já estive em algum lugar.
Se é que estou aqui, há tantas questões. Se é que me sinto bem, eu ainda estou aqui.
Do outro lado das estradas, as pessoas não estão bem, e os cães ainda têm destinos; apenas do outro lado da estrada.
Vim de onde as mãos nunca tocarão as daqui, de onde possuo mais questões que os vagalumes plásticos afogando a cidade.
Mas será que ele está bem, já que estou aqui?!. Ele poderia me matar.
Apenas para não voltar para onde nunca foi. E a questão é.
...A caçada desta tarde foi fraca.


(Suelen de Miranda)

* Não consigo mais escrever do jeito que costumava. Me sinto sem ritmo, sem nada. 
Ah, pelo Alfa! pudera eu não acordar amanhã.

quarta-feira, julho 06, 2011

06 de Julho'


Já paraste para ver o sol dançar enquanto o dia traga seu primeiro cigarro?.
Ah, como é bom ouvir o som dos dedos de quem desconheço. É bom, reconhecer o som sem saber de quem. É música se prestarmos atenção no ritmo.  Melodiando o que ainda não me é vida e nem  morte; o que ainda quero. Mas estou feliz, digo... eu realmente me sinto bem. Sentir é algo tão, que prefiro não definir, assim deixando o pós para que tu preenchas com o que achares que é, para o que  sentires que seja.
Olhe para o céu, se é que ainda não. O sol ainda dança, vês?. Mesmo em meio a fumaça do segundo, terceiro, e do quarto que está por vir. Podes dizer-me nuvens, mas não é a elas que me refiro, apesar.
Assim, seria um tanto quanto confortável que fosse. Mas não, nunca.
Os dedos dele, ou dela, ou dele, ainda surram as cordas, espancam levemente sugando os sons. Lindos sons, linda música. Linda melodia apenas para mim em meio de fios.
E os pássaros voam ao longe. Na fumaça do céu, sem o som do violão. Que pena. Eu não posso voar, não posso levar-lhes a música de que nunca precisaram para, e mesmo assim sinto a turbidez que de 
cima pesa. Mas não estou triste por não poder voar. Eu até poderia dizer-lhe que me sinto feliz por não possuir asas, já que sei de mim, sei que se as possuísse; seriam de mim um motivo a mais para lágrimas aleatórias, como as que em momento, tímidas acabaram por se esconder. E posso dizer-lhe também, que  mesmo amante do azul do céu, da liberdade de o ser; sentir a fumaça envolta não me 
atrai a subir, pois sinto que nada além poderei ver, nada além da próxima nuvem, nem além das próximas asas.
'Nenhum motivo para ficar, é um ótimo motivo para partir'. E os dedos ainda dedilham me fazendo ouvir o lindo som. A música continua aqui, o sol continua a dançar, o céu está ao final de seu décimo quinto, e nunca será o último, eu só voltarei a contar.
Mas eu não sei como me sinto, e sentir é algo tão, que prefiro não.

(Suelen de Miranda)

* Oi novamente. Não estou em casa, estou com ele, mas não estou em casa.
Não sei porque voltei, ainda não posso escrever, mas irei postar aos poucos as porcarias que andei escrevendo. Recomendo Nelo Johann para ouvir.  Até mais.