Abstinência'

É como se já houvesse passado muito tempo.
Em minhas têmporas latejantes se faz a teimosia do pensar.
É como se já estivéssemos mortos.
As vezes eu me questiono, se continuarei.
Não há mais o que procurar, não há ninguém a se esconder.
São lábios vazios, despidos de coragem.
É como se já houvesse passado muito tempo.
Há tudo o que dizer, porém não há o que perdoar.
É como se já houvesse se passado muito tempo.
Eu vejo tudo, onde não há.
Para não dizer-lhe hoje, continuarei por mais alguns segundos.
De agora em diante, é como se houvesse passado muito tempo.
Não há mais o que esconder, do que possuo, do que você, ainda.
Para não dizer-lhe hoje, continuarei a cair.
Confinarei o vazio dos lábios, para o sentir abstinto.
Eu irei lhe dizer, assim que tu puderes me ouvir.
Aterrado entrelinhas, coberto por expressões, eu irei dizer.
Não há o que esconder,e acho que posso encontrar.
É como se já houvesse passado muito tempo.

(Suelen de Miranda)

*Ah! Deus! eu já não suporto ser marionete dos que me querem presente.

Sensção terrível de desapego a vida. Ai ai...mas a vida segue, o mundo não para de girar, e eu continuo caminhando, esperando algo, esperando por ele, esperando o fim...qualquer fim, o fim da dor, o fim da vida, o fim da espera; tanto faz.