Ao som do piano sem teclas, ao adormecer do pianista.
Sinto meu coração exercer de melodiosas juras, eternas.
Tais invisíveis teclas apenas por seus dedos esguios, dançantes na ausência.
Sinto seu hálito gélido e adocicado acarinhar minha face, ilusionista.
Posso ouvir seu canto dizer-me as notas do amor, as quais só ele leciona.
Ao som do piano mórbido, a delicadeza do silêncio.
Vejo seus olhos, direcionados a mim, no deleite completo.
Apenas em imagens lânguidas, apenas em minhas súplicas.
Ao som do piano sem música, ao esperar do pianista.
Não há o que fazer, não consigo tocar-lhe melodia alguma.
Minhas mãos querem apenas seguir as dele, a bailar por tais teclas.
Minha pele se faz mármore, a flamejar o desejo do toque.
Não posso ao menos tentar, sem destruir a perfeição do pianista.
Meus dedos debatem, em busca do ritmo.
E meu coração em surdez, sem as únicas e inefáveis notas do amor.
Sem meu pianista... As quais somente ele, sabe lecionar.
(Suelen de Miranda)
*Para Wilhelm.