segunda-feira, fevereiro 03, 2020

Descaso'





Haveria ninguém...
Se o céu pedisse em forma de gota, 
E as nuvens gritassem as trovoadas; 
Avisando que não há abrigo para quem chove por dentro.  
Eu tentei avisar tantas vezes… 
Tem várias pessoas em calamidade dentro do meu peito.  
Haveria ninguém... 
Se o fogo perguntasse em forma de dor,
E as chamas queimassem às cinzas; 
Ensinando que não há alívio para o que consome por dentro; 
Eu tentei  mostrar tantas vezes… 
Tem várias secas iminentes dentro do meu peito. 
Haveria ninguém... 
Se eu limitasse em forma de choro, 
E as manhãs anoitecessem os dias; 
Mostrando que não há sentido pra quem morre por dentro. 
Eu tentei sobreviver tantas vezes… 
Tem várias despedidas latentes dentro do meu peito. 
Haverá ninguém... 
O que eu fiz pra manter o que foi estilhaçado, 
Ninguém pergunta. 
O que ninguém entende é que ninguém sabe, 
E ninguém pergunta. 
Mas se eu não fingir vida, quem é que aguenta? 
Mas se eu não fingir morte, quem é que suspeita?


[Suelen de Miranda]

*Quando eu mais gritei, tu não soube me ouvir. Me debati e tu não soube me abraçar. 
Tu fingiu bondade quando eu reagi da tua forma, um luto somente meu. Lembra que ninguém dança da mesma forma uma mesma música. Eu sinto muito. Assim como tu esperou mais de mim, eu também esperei de ti.
Tu me abandonou. E eu não falo dele que morreu. Tu. Estou cansada da dor que é minha. Do sono que a vigília pra ver se ele volta me rouba. Dos caminhos que eu percorri e das ruas que eu ainda terei de passar. Estou mais cansada hoje, do que no dia daquela ligação. Eu sei que tu também tem. Mas naquele momento tu ainda estava de pé. Se conseguia me olhar de cima, poderia ter me estendido a mão. Mas no final eu teria de chegar sozinha de qualquer forma, não é?! Releva a próxima pessoa...Ela nunca vai ser eu, e muito menos você. Pena que tu nunca vá ouvir...Eu peço desculpas por ela.  Minha maré subiu demais pra tu poder dar pé.


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