segunda-feira, setembro 18, 2017
Misericórdia'
É como empurrar contra o fogo.
Assistir borbulhar e virar lágrima.
Não sei do que tu estás falando.
Dizem que só se entende o que se também.
Não sei do que todos estão falando.
É como afundar em lama.
Assistir lutar e virar pedra.
Não sei do que tu estás falando.
Dizem que é preciso já estar lá pra poder chegar.
Não sei do que todos estão falando.
É como voltar sem saber como ir.
É como sangrar sem saber cortar.
Ninguém sabe do que eu estou falando.
Ninguém sabe do que estamos todos falando.
Dizem que só se sabe quando também.
É como morrer sem ter nascido.
Então eu tento explicar.
É como nascer sem ter consentido.
[Suelen de Miranda]
*O que eu quero dizer, eu nem sei. Eu quero parar de postar aqui, mas quero contar tudo sem saber o que dizer.
Me diz? Me conta qual o segredo.
quarta-feira, setembro 13, 2017
Quarentena'
Não encosta mais em mim.
Tudo que eu disse e tu deverias ir embora;
Me deixar feder e mudar de cor.
Tudo que eu fiz e tu deverias chorar;
Me deixar vazar e expor o que for.
Não se aproxime, não olhe para mim.
Tudo que eu pensei e tu deverias saber;
Me cobrir de sujeira e me assistir mesclar.
Tudo que escondi e tu deverias ver.
A cicatriz é nova e tu não viu abrir.
O desespero é ancião e tu não ainda não entende.
Não importa o que tu faças a não ser que seja fugir.
Eu adoeço a cada vez que sinto medo,
O barro ainda é vermelho, e eu ainda quero ter certeza.
Não toque mais em mim.
É muito mais que ser contágio.
Estou avisando.
Eu irei ruir.
[Suelen de Miranda]
*Não era isso. É de hoje mas eu não estou aqui. Não está tudo. Eu não estou.
Está difícil respirar de novo, e ninguém se afasta. Era pra ser protocolo; como dos filmes. Mas deve ser interessante, deve ser divertido olhar de perto. Todo mundo gosta de uma tragédia que não seja a sua.
Ele ainda tem a chave do portão.
quarta-feira, setembro 06, 2017
Crônico'
Não é como se pudesse ser apagado.
Está escrito em minhas mãos,
Desde o dia que tentei cobrir meus olhos.
Está tudo ali;
Por debaixo das minhas roupas,
Transbordando, batendo e voltando do espelho.
Não é como se pudesse simplesmente ser apagado.
Está escrito em meus lábios, língua e dentes;
Desde o dia que tentei fazer menos pior.
Não é como se alguém pudesse apagar,
Não quando ninguém consegue enxergar.
Não é bem assim.
Está escrito em mim.
[Suelen de Miranda]
*Nada é de hoje. Eu não estou aqui hoje. Fiquei lá fora olhando a lua enquanto tu sempre tentava me contar algo bom. Tem coisa que não apaga. Tem coisa que fica escrita na gente em um idioma que ninguém mais vai saber decifrar.
i am my own, right? why do i still feel his?
i am i am.
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