De todos os olhos; os teus.
De todos males; os meus.
Naquele dia tu descobriu o que já sabia,
Engoliu sem boca, e digeriu sem estômago algo que não comeria.
Aquela ida ficou pra sempre sem data, mas nós não esquecemos.
De todas as flores; as tuas.
De todos os temores; os meus.
Naquela manhã tu me deu o que não podia,
Urrou sem voz, e segurou sem mãos uma filha que nunca mais veria.
Aquele choro nos molha até hoje, mas nós não nos afogamos.
De todos os corações; o teu.
De todas as culpas; a minha.
Nessa vida tu fez o que não conseguia,
Levantou sem corpo, e lutou sem armadura uma guerra que não perderia.
De todas as colchas de cetim verde; a tua cama.
De todos os cheiros alvejados; os teus dedos.
A única coisa que tu não me dá, é o que tu também pediria…
De todos os abrigos; o teu útero.
De todas as verdades; essa:
Tu também voltaria.
Já sigo.
[Suelen de Miranda]
*Precisei ouvir algo além que meu próprio choro. Usei das mesmas músicas. Mas nada é como era, e eu não sou mais nada.
Pudera eu; fazer o manacá florescer todo dia em todas as árvores do planeta, mãe. Pudera eu.
Escrevo.
Eu te amo.