terça-feira, abril 19, 2022

Casulo'




De todos os olhos; os teus.

De todos males; os meus.

Naquele dia tu descobriu o que já sabia, 

Engoliu sem boca, e digeriu sem estômago algo que não comeria. 

Aquela ida ficou pra sempre sem data, mas nós não esquecemos. 

De todas as flores; as tuas. 

De todos os temores; os meus. 

Naquela manhã tu me deu o que não podia,

Urrou sem voz, e segurou sem mãos uma filha que nunca mais veria.

Aquele choro nos molha até hoje, mas nós não nos afogamos. 

De todos os corações; o teu. 

De todas as culpas; a minha.

Nessa vida tu fez o que não conseguia,

Levantou sem corpo, e lutou sem armadura uma guerra que não perderia. 

De todas as colchas de cetim verde; a tua cama. 

De todos os cheiros alvejados; os teus dedos.

A única coisa que tu não me dá, é o que tu também pediria…

De todos os abrigos; o teu útero. 

De todas as verdades; essa: 

Tu também voltaria. 

Já sigo. 


[Suelen de Miranda]

*Precisei ouvir algo além que meu próprio choro. Usei das mesmas músicas. Mas nada é como era, e eu não sou mais nada.
Pudera eu; fazer o manacá florescer todo dia em todas as árvores do planeta, mãe.  Pudera eu. 
Escrevo.
Eu te amo.


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