E as tempestades que deixo chover não me afogam.
Tudo parece morrer, em mim, enquanto tudo aflora;
Desde os sóis às luas, desde os sorrisos ao conforto.
E os dias que deixo anoitecer não me levam.
São os tilintar dos talheres, são as vozes que comemoram o invisível,
Olhos que brilham o sol que minha vontade ignora, mãos que seguram os pingos da chuva que desgracei.
E as tempestades que deixo chover não me molham.
É tudo tão suficiente quanto a chuva.
Quando os trovões insistem, eles morrem em mim.
A ventania insiste, ela morre em mim.
Os raios de sol insistem, eles morrem em mim.
Cada pingo da chuva, morre em mim.
Mesmo que não.
Pois todas as tempestades que deixo chover não me afogam;
Porém mantém o nível dos oceanos perto de minhas narinas.
É tudo tão suficiente quanto a chuva.
(Suelen de Miranda)