segunda-feira, julho 16, 2012

Capela'




Tenho pensado no porquê.
De não haver lápide, de não haver caixão.
Não compreendo como não me compreendem.
As ruas continuam movimentadas,
As televisões continuam ligadas.
Tenho tentado entender o porquê.
De não haver terra, de não haver reza.
De não haver flores, de não haver velas.
Não é preciso ser velório para estar morto.
Alguns caixões são quartos e cobertores.

(Suelen de Miranda)

* Acho que até sei o que fazer. Mas sinto como se sufocasse. Parece não haver como melhorar. O dia seguinte nunca é melhor que o anterior. As frases de autoajuda me irritam. O rosnado do meu cachorro me lembra de coisas que eu morreria para esquecer. Parece piada, mas daquelas muito longas que perdem a graça quando você já não mais vê o final.

3 Comentários.:

  1. Belo e sombrio poema, bem ao meu gosto e estilo!

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  2. Tem horas que a morte pode ser um longo sono, e durante ele, nada sentimos. Isso é tão bom... O assutador de verdade é quando a gente acorda.
    "As ruas continuam movimentadas,
    As televisões continuam ligadas."
    Tudo permanece igual, nada muda de lugar e nada dentro de nós muda. Não anda, não se movimenta.
    Eu não sei o que tu sentes, mas sei que nos últimos dias, eu tenho sentido igual.

    A tristeza tem a sua beleza, e eu vejo isso nos teus escritos Su! <3

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  3. Ma belle,

    Do escrito em si apenas tenho a dizer: belíssimo!
    Quanto ao que demonstra, entristece-me saber que assim te sentes. Sei-o mesmo quando tu me não contas, quando não escreves.
    Bem, não me recordo exatamente como eu costumava dizer, mas era algo semelhante: "Há vidas que não são vividas. Assemelham-se ao monótono sono da morte."

    Deste sono espero que despertes. Ou que ainda enquanto adormecida, teu sonho seja vida. Seja algo além do aquém e além-dor.

    Amo-te.
    <3

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